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Estresse, Ansiedade ou Depressão?

O estresse, a ansiedade e a tristeza são sensações e sentimento que são comuns e normais de se sentir. Não há nada de errado, por exemplo, em se sentir triste às vezes ou mesmo em se sentir ansioso em uma determinada situação. Porém, o excesso de alguma dessas sensações pode gerar dificuldades na vida cotidiana. Com esse texto vou te ajudar a diferenciar cada uma dessas três para você poder entender um pouco mais e melhor o que é que você está sentindo e, também, poder saber se o nível dessas sensações está exagerado, a ponto de te adoecer, ou não.

Antes disso, porém, é importante esclarecer que o adoecimento emocional ocasional é diferente de se ter uma psicopatologia. A psicopatologia se refere a um adoecimento emocional ou psicológico persistente, que pode ser um transtorno, por exemplo de humor ou de personalidade. Já o adoecimento emocional ocasional é mais comum de se acontecer, já que estamos a todo momento lidando com situações que podem ser estressantes, ansiogênicas ou desanimadoras. Dessa forma, pode ser que haja momentos de nossas vidas mais difíceis mesmo e que requerem cuidado e atenção de nossa parte para entendermos que estamos mais sensíveis e que precisamos de ajuda. Isso não significa dizer que estejamos ansiosos ou depressivos, necessariamente. Inclusive, é conseguindo recorrer a ajuda nesses momentos de maior vulnerabilidade que cuidamos melhor de nossa saúde emocional e evitamos quadros mais prolongados de adoecimento, como um transtorno psicopatológico.

O estresse nem sempre é visto como uma psicopatologia na sociedade atual. Na verdade, tem se dado um nome personalizado para ele: o “burnout”. Esta concepção de “burnout” (que significa “esgotamento”, em inglês) se refere a um esgotamento físico e/ou mental, associado majoritariamente ao trabalho. No entanto, esse esgotamento, ou esse excesso de estresse – aqui entendido como um estresse fisiológico, um excesso de estímulo; não como sinônimo de “raiva” –, pode ser compreendido de maneira mais ampla do que apenas associado ao trabalho. O estresse acontece quando surge situações desafiadoras que nos tiram de uma estabilidade: podendo ocorrer no trabalho, na vida amorosa, na vida financeira etc.

Quando essa homeostase, esse equilíbrio, é afetado, nos sentimos provocados a responder: seja em forma de ação ou de inação, ou seja, de não agir. Isso é uma reação comum e saudável do organismo do ser humano, semelhante à ideia de resposta de “fuga ou luta” (“fight or flight response”). Quando há uma perturbação, há uma reação. Porém, em alguns momentos da vida, pode ser que haja muitas perturbações ou perturbações persistentes demais e esse excesso de estímulos pode ser adoecedor. Outro fator que pode gerar “burnout” nesses casos é quando uma situação perturbadora não apresenta uma resposta rápida, fácil ou mesmo que esteja ao alcance da pessoa. Se não há o que fazer ou se as tentativas não têm dado certo, isso também pode gerar frustração e, consequentemente, um adoecimento.

Já a depressão e a ansiedade costumam ter formas mais definidas no imaginário social. Porém, é preciso ter cautela: como todo adoecimento emocional, não há regras fixas para esses sofrimentos. A depressão, por exemplo, pode aparecer em forma de sintoma tanto como um excesso de sono quanto como insônia. A ansiedade, por outro lado, pode tomar forma tanto como uma “paralisia” e o que se entende como “procrastinação” quanto como um excesso de atividade e de energia.

Fato é que cada pessoa tem uma forma muito particular de vivenciar seus próprios adoecimentos, que pode inclusive ser diferente para cada situação em diferentes momentos da vida. A maneira como a ansiedade se manifesta em uma situação de demissão em uma determinada época da vida pode ser diferente de como ela se manifesta em uma situação de término amoroso em outra época da vida. Da mesma forma, muitas vezes não vale a pena nem é proveitoso procurar precisar exatamente o que é a “causa” de determinado adoecimento, pois as vivências e experiências são sempre diversas e multifatoriais.

O que se entende atualmente, no entanto, é que a depressão, dentro de suas diversas formas de se manifestar, tem a ver com falta de motivação e de disposição, de energia. Sendo associada com cansaço excessivo e persistente, humor deprimido e perda de interesse em atividades. Já a ansiedade teria a ver com uma excitação sem suporte, ou seja, um excesso de estímulo que o organismo não consegue receber e administrar de forma saudável, podendo levar a preocupações, medos e projeções intensas, excessivas e persistentes.

De qualquer maneira, esses diagnósticos só podem ser feitos por um profissional da saúde mental. Não tente se autodiagnosticar, muito menos se automedicar. Esse texto procura apresentar uma breve descrição apenas para fins didáticos e para que você possa tomar o passo mais importante, que é o de procurar ajuda profissional. É importante tentar se manter atento para as situações difíceis da vida e para os adoecimentos que elas podem gerar. Ao cuidar de sua saúde emocional e desses adoecimentos ocasionais, você também trabalha para evitar que transtornos psicopatológicos possam surgir.

Ficou com alguma dúvida? Quer conversar mais a respeito? Me manda uma mensagem!


Esquemas simplificados:

Estresse Saudável: ESTÍMULO --> ESTRESSE --> RESPOSTA (AÇÃO OU INAÇÃO)

Estresse - Adoecimento: ↑ESTÍMULOS (excesso de estímulos e/ou estímulos persistentes) --> ↑ESTRESSE (excesso de estresse e/ou estresse prolongado) --> adoecimento emocional ocasional

Estresse - Adoecimento: ESTÍMULOS --> ESTRESSE --> RESPOSTA (não há o que fazer ou as tentativas não dão certo) --> ↑ESTRESSE (excesso de estresse e/ou estresse prolongado) --> adoecimento emocional ocasional

Psicopatologia: Adoecimento Emocional Ocasional --> ↑ESTRESSE (persistência da situação-problema) --> Adoecimento psicopatológico

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